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A leitura é uma forma prazerosa de se aprender a escrever corretamente, pela observação.

Contudo, as mudanças propostas pelo novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa – em vigor desde 1° de janeiro de 2009 – e que têm até 2012 para serem totalmente integradas, vão exigir de nós, leitores, um pouco de cuidado nesse tipo de aprendizado espontâneo.

A mídia, em geral, parece bastante empenhada em se sobressair na tarefa de nos esclarecer sobre as alterações na escrita. E isso é bom por, pelo menos, duas razões.

Uma é que nos assegura a leitura cotidiana de textos de revistas, jornais, internet, entre outros meios de comunicação, com as mudanças já incluídas. Podemos nos exercitar – até que prazerosamente, dependendo da notícia -, pela observação.

Outra é que, de tanto comentar sobre o assunto, analisando-o pela perspectiva do “não é mais assim”, acabamos nos lembrando ou nos interessando em saber sobre “como era mesmo?”. E não só o que mudou de fato, mas também o que permaneceu. Assim, por caminhos sinuosos, tenderemos a aprender ou a reaprender como escrever “em bom português”.

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E não estamos sozinhos. Somos cerca de 230 milhões de pessoas, em oito países (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste), a utilizar o português como língua oficial.

No entanto, até agora, o nosso era o único idioma do mundo, com essa abrangência, a ter duas grafias oficiais, a do Brasil e a de Portugal.

Por conta disso, havia como que um desperdício de esforços e de investimentos no “mundo português”, pois era  necessário “traduzir” documentos, livros e outros materiais de indispensável circulação entre países de mesma língua.

Também nossa imagem internacional ficava prejudicada, pois o fato de contarmos com duas grafias igualmente válidas tem dificultado, por exemplo, o estabelecimento do português como um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU – cujos idiomas oficiais são: inglês, francês, espanhol, árabe, chinês e russo).

Parece, então, que estamos no rumo certo. Como diz o texto oficial do acordo, trata-se de “um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional”.

O gramático Evanildo Bechara, 80 anos, que ocupa a cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras e foi escolhido como a autoridade máxima no país para decidir eventuais divergências e pendências em relação ao novo acordo ortográfico, reforça esse propósito em entrevista à Folha de São Paulo (reprodução site ABL – 29/12/2008): “É essencial que o português se apresente internacionalmente com uma única vestimenta gráfica. Para manter o prestígio e para que seja melhor ensinado e compreendido por todos.”

A ortografia (conjunto de normas que, entre outras orientações, indica como escrever e acentuar as palavras corretamente) pode estar a caminho da unificação, mas o sotaque, a forma particular de cada população falar o português, deve se manter, felizmente!, para que continuemos a nos divertir com histórias como esta, do mestre cronista Rubem Braga (1913-1990), em Recado de Primavera (Círculo do Livro / 1984):

“A língua (conta-me Cláudio Mello e Souza) — Estando em um café de Lisboa a conversar com dois amigos brasileiros, foram eles interrompidos pelo garçom, que perguntou, intrigado: – Que raio de língua é essa que estão aí a falar, que eu percebo tudo?”

 

 

Comentários em: "Escrevendo “em bom português!”" (2)

  1. Adriano Alves Fiore disse:

    Boa madrugada, Ana.

    Não concordo com Evanildo Bechara nem com o Rubem Braga em relação à nova mudança ortográfica, pois sou contra a mesma. Pouco se alterou, porém tirar acentos de: idéia e adqüirir, pra mim, é demais! É retroceder e não evoluir ou se modernizar.
    Até… Adriano

    • Ana Setti Rosa disse:

      Oi, Adriano, que bom receber sua visita por aqui! As mudanças na língua portuguesa são, na verdade, bem poucas e até fáceis de assimilar. A ideia, como está no Acordo, é uniformizar “nosso querido” idioma (não mais português de Portugal e português do Brasil!!!) e evitar a necessidade de “tradução” (e muito dinheiro investido nisso, fora o vexame!!!!) de materiais impressos que circulam pelos países do “mundo português”.
      Bjs e até uma próxima,
      Ana

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