
Molhada,
descabelada,
zonza,
saí assim
da minha
primeira onda.
Na arrebentação,
apavorada,
fui coberta,
arrastada,
envolvida
por sua trama
grossa
e espumosa.
Depois do medo,
o gozo,
sobrevivi
mesmo encharcada.
Feito zumbi,
aos olhos
de quem olhava,
me descobri
rindo sozinha,
bêbada
de água salgada.
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Ser aquático,
mergulhar
nas profundezas
do oceano,
escapar do etéreo
para o aconchego
do cristalino
manto.
Estender-se leve
ao balanço das algas
e, como as tartarugas,
sombrear
as transparências,
pintalgando de prata
os cardumes
em efervescência.
Tomar impulso
de golfinho,
defendendo-se
como o marlim
e sua espada,
assustando curiosos
feito moreia
entocada.
Envolver-se
no redemoinho
das ondas,
temendo as manchas
aladas e seus bicos
pontiagudos
a furar
a flor das águas.
Desmanchar-se em
miríades de cores
e formas submarinas,
fluir
pelas correntezas,
acompanhando as marés
da lua eternamente
enamoradas.
Esquecer,
em abandono submerso,
a dimensão seca
da vida.
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