Sob a luz
Tenho cultivado um jardim
de mágoas e ressentimentos.
São muitas as flores,
mas tristes, sem viço.
Não atraem pássaros,
raios de sol, ventos amenos,
só amargura, vitimação,
sombria solitude.
É hora de mudar,
de plantar otimismos.
Tenho cultivado um jardim
de mágoas e ressentimentos.
São muitas as flores,
mas tristes, sem viço.
Não atraem pássaros,
raios de sol, ventos amenos,
só amargura, vitimação,
sombria solitude.
É hora de mudar,
de plantar otimismos.
Um medo
Muitos medos
Medo de ser
Medo de fazer
Medo do que vai acontecer
Medo
Com ou sem
O resultado é o mesmo
Estarei viva amanhã
Ou não
Realizarei o que desejo
Ou não
Terei o que quero
Ou não
Soçobrarei
Ou
Sobreviverei
Às tempestades
Da vida
O medo não ajuda
Em nada
E atrapalha muito!
Silêncio,
cinza lá fora,
chuva amena,
mesa farta,
falta o pai – que é dia deles –,
falta mais gente – que a família
se apequenou com as perdas
do caminho.
É muito
ou pouco,
dependendo
da perspectiva,
prefiro a plena:
o silêncio,
a serenidade,
a falta da família
ao redor da mesa
compõem apenas
uma circunstância.
O viver é feito disso,
circunstâncias,
aproveitá-las,
usufruí-las
e fim,
só isso,
tudo isso.
Do afeto
puro e simples
à compaixão,
esculpida com paciência
em nossos corações,
o amor
flui, transforma,
refaz,
frutifica,
em seu escorrer
pela alma.
Quando estanca,
translúcido,
no poço fundo
do nosso eu,
avança para o alto
até não ser mais contido,
num transbordamento
de luz.