Bandeira
Nas varandas, a prova de que
o homem conquistou as grandes cidades
e os pequenos apartamentos.
Nas varandas, a prova de que
o homem conquistou as grandes cidades
e os pequenos apartamentos.
Pela minha janela
quando a noite acorda
e luzes vívidas espalham-se
em direção à profundidade escura
do horizonte
tenho a cidade a meus pés
tudo muda
quando o dia amanhece e
pela minha janela
fico à mercê da cidade
com sua claridade cambiante
de cores típicas
que nunca são as mesmas
vez ou outra a amplitude do céu
serena imutável
altera-se
por conta de elementos dissonantes
nuvens chuva raios bruma
pássaros em voo tão próximo
aviões de carreira
que sulcam trilhas retilíneas
metálicamente brilhantes
pela minha janela
aprecio os tons esmaecidos
do poente
o nascente vibrante
um quadro mutante
uma obra aberta
uma pintura sempre renovada
uma sinfonia
que enche minha casa
de intangível beleza
Estou partindo,
impregnada de sol,
de tepidez das águas,
de canção das matas.
Por onde ando
reflito calor extemporâneo,
imponência de montanha,
o balançar de ondas e barcos.
Por onde passo
deixo pistas de areia fina,
respingos de pele molhada.
Em tudo
vejo brilho de prata,
de cidade refletida no oceano.
Por tudo e por nada
lembro de flores esparsas,
pontilhando todos os caminhos.
Ilha cheia de artimanhas,
seduziu meu corpo,
encantou meus sentidos,
usou de magia e sortilégios,
me deixou enfeitiçada.
O mundo desaba
torrente de lágrimas
nuvens escuras raios amarelos
percussão de trovões
pouca gente na rua
é domingo
recolhimento e medo
orações
a água escorre dentro de casa
janelas fechadas
cortinas molhadas
sirenes
de repente um fog
londrino
o ar se torna espesso fumaça
o vento vem e espalha
umidade densa
entorna
penetra ultrapassa
a terra o asfalto
fica muito nítido
limpo claro
a noite recende a alfazema
e canta sem palavras
tudo passa tudo passa