O enigma dos paradoxos
Para conquistar desenvoltura na redação, nada melhor do que exercitar a mente. Nesse sentido, resolver aparentes “enigmas” pode se revelar um ótimo começo.
A proposta é trabalhar com paradoxos – afirmações que trazem em si um antagonismo, uma contradição de ideias. Por ser como são, mostram-se extremamente estimulantes para o pensar. Frente a um deles, ficamos intrigados e motivados a tentar desvendar o ponto de vista que tão bem encobrem.
Exercite-se e divirta-se, seguindo os passos adiante:
- Considere cada um dos paradoxos, relacionados abaixo, um enigma, um mistério, que você vai tentar desvendar por escrito.
- Leia, reflita e “pince” as ideias contraditórias que cada um deles traz.
- A partir da descoberta dessas ideias contraditórias, tente encontrar, em suas referências pessoais, comparações que possam sustentar esse antagonismo, ou seja, que o expliquem, que o façam ter sentido para você.
- Encontrada uma referência, que desvende a aparente contradição, pergunte-se se você concorda, ou não, com a afirmação contida no paradoxo.
- Escreva as razões que o levaram a chegar a essa conclusão (concordar ou não).
SÓ O EFÊMERO TEM VALOR DURADOURO.
Ionesco / Teatrólogo
A ARTE É UMA MENTIRA
QUE FAZ A GENTE CAPTAR A VERDADE.
Picasso / Pintor
AQUI TODAS AS NORMAS PODEM SER DESOBEDECIDAS,
MENOS ESTA.
(Paradoxos citados em “Um Toc na Cuca” / Livraria Cultura Editora)
Exemplo de uma abordagem
- Vou tentar desvendar o seguinte paradoxo:
O POUCO QUE SEI, DEVO À MINHA IGNORÂNCIA.
- Leio, reflito e “pinço” as ideias contraditórias:
1) Como a ignorância – que é um “não saber” – pode me levar a saber alguma coisa, mesmo que pouco?;
2) Se sei pouco, como posso me vangloriar da minha ignorância, como se ela tivesse sido um estímulo?
Observe que procuro, ao “pinçar” as ideias contraditórias, explorar a afirmação por diferentes ângulos, para tentar entendê-la; e esses diferentes ângulos se definem a partir das minhas referências pessoais, ou seja, outra pessoa, ao analisar o mesmo paradoxo, poderia seguir por caminhos diversos daqueles que escolhi; e ambos estaríamos certos, cada um com a sua verdade, com o seu nível de entendimento.
- Dos dois ângulos de abordagem que escolhi para analisar o paradoxo, faz mais sentido para mim o primeiro: como a ignorância – que é um “não saber” – pode me levar a saber alguma coisa, mesmo que pouco?
- Procuro, então, entender essa contradição a partir de alguma comparação, de uma linha de raciocínio, tal como: se não sei determinado assunto e aceito, com humildade, essa condição, a tomada de consciência sobre minha ignorância torna-se um estímulo para que eu deixe de ser ignorante. Vou atrás da informação, da história, do conhecimento e aí passo a saber.
- Percebo, contudo, que frente à imensidão do que não sei, o que acumulei de conhecimento hoje ainda pode ser considerado pouco.
- Assim, faz sentido dizer que “o pouco que sei deve-se à minha ignorância”.
- Posso expressar esse entendimento por meio de uma reflexão. É a sina do homem: ele avança, avança, movido por sua curiosidade e “sede” de saber e tem seu orgulho intelectual sempre vencido pela imensidão de tudo o que ainda não sabe.
AGORA É A SUA VEZ!
Para conferir o resultado, leia o paradoxo e a conclusão a que chegou para uma pessoa em cuja opinião você confie. O que você vai querer saber?
Se sua conclusão tem lógica, se explica (com algum sentido) o paradoxo, mesmo que você ou a pessoa que o ouviu não concordem com a afirmação expressa no paradoxo.
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