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A senhora da casa 2

A casa está de pé

ninguém sabe como,

há rachaduras, buracos,

reentrâncias,

lascas nos ladrilhos,

gordura acumulada,

estranhas ressonâncias,

falta de gravidade

nas repentinas diferenças

de piso.

O novo e o velho

se misturam

num charme inesperado,

por mais moderno

o móvel se encaixa,

por mais antiquado

pode ser útil.

Na mescla do antigo

e da vanguarda.

do desconjuntado

e do aproveitável,

a casa vai se aguentando,

cheia de feridas

e de lembranças.

Um dia teve quintal

espaçoso, flores

e plantas

entrelaçadas,

ervas exóticas

para chás curativos.

Um dia teve também

a senhora da casa,

oprimida, mas gentil,

capaz de unir

com graça

as inconciliáveis diferenças

entre o caipira e o urbano,

o mágico e o rotineiro,

o divino e o profano.

Talvez por ela,

que já se foi,

a casa permaneça de pé,

como numa homenagem

póstuma.

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