Alguns pensadores do mundo contemporâneo são, para mim, filósofos da Nova Era. Seu pensar pode ter como fundamentação um viver religioso, como é o caso de Anselm Grün, 64 anos, doutor em Teologia e administrador da abadia beneditina de Münsterschwarzach, Alemanha. Ou não.
As origens desses novos pensadores são muito diversas, mas têm, como ponto comum – e aí vinculam-se aos primeiros filósofos de que temos notícia, os gregos da Antiguidade – a perspectiva “panorâmica” na forma de refletir sobre a vida.
Assim como os gregos antigos, os filósofos da Nova Era incluem em suas reflexões o concreto (a matéria, o que se pode medir, pesar etc.) e o abstrato (a energia, o espiritual, o que não se pode ver, mas sim sentir, intuir etc.).
Todos eles, filósofos da Nova Era, buscam mostrar o caminho do autoconhecimento e como, por meio dele, podemos viver melhor, ser mais felizes e, assim, contribuir de forma positiva para o mundo.
O Livro da Arte de Viver, de Anselm Grün, publicado pela Editora Vozes, é uma conversa, essencialmente carinhosa, feita de muitos temas e de pequenos tópicos, quase crônicas. Grün comenta sobre a felicidade e a importância de sermos o que de fato somos; sobre a busca da profundidade em todos os relacionamentos e a confiança no amor; sobre transformação, anseios e o viver – “viva em vez de ser vivido”, alerta. Também recomenda: “Aceite-se. Seja bom para você mesmo.”
Veja um trecho:
“O cerne da felicidade
Na minha juventude procurei imitar pessoas célebres. Queria ser tão erudito e tão perspicaz como o grande teólogo Karl Rahner e meu sonho era cantar tão bem como o brilhante tenor Fritz Wunderlich.
(…)
Hoje agradeço pelo que sou. Ainda me vêm à cabeça pensamentos como: ‘Gostaria de saber formular as questões tão bem quanto o fez Santo Agostinho’. Ou: ‘Oxalá eu conseguisse nas conversas manifestar meu pensamento com a mesma clareza que meu supervisor’. Quando percebo isto, procuro ficar comigo e dizer a mim mesmo: ‘Eu sou eu. E está bom assim como sou. Faço aquilo que estiver ao meu alcance’.
Quando consigo ficar totalmente em sintonia comigo mesmo e aceitar agradecido as capacidades que Deus me concedeu, mas ser grato também pelos limites que experimento, então pressinto de certa forma o que é a verdadeira felicidade. E mais: posso dizer a meu respeito que sou feliz. Está bom assim como está.
Sento-me despreocupadamente, respiro cadenciadamente e tenho prazer em sentir a vida, em perceber minha unicidade. Degusto a vida, saboreio a felicidade. Não preciso mudar nada com violência ou teimosia, não preciso trabalhar sempre duro em mim mesmo. Sou aquele que sou, incondicionalmente confirmado por Deus que me criou, formou e resguardou em seu amor. Então trago a paz em mim. Então tudo está bem.”
Anselm Grün
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