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Coitado do pinguim, agora tem de continuar sua marcha sem o apoio do trema

Coitado do pinguim, agora tem de continuar sua marcha sem o apoio do trema

Quando eu era criança – lá em Birigui – comíamos muita linguiça enquanto nossa visita mais frequente, um professor de linguística, sentado tranquilamente sob as árvores em sequência do nosso amplo jardim, comentava sobre a ambiguidade das palavras, levando-nos a “viajar” com a sua sonoridade. Por exemplo, ubiquidade, que nem sabíamos do que se tratava, nos fazia imaginar umbigos com idade – velhinhos e enroscados! – ou associar lingueta a uma língua pequena, ou ainda sequela a uma fruta amarga. Só podia ser, com esse nome!

Agora é assim que se escreve. Não nos resta outra alternativa a não ser dar adeus ao trema, mesmo sentindo saudade e tendo crise de nostalgia, pois que elegância escrever tranqüilo ou conseqüência. Era mais enfático também. A eloqüência ficava mais eloqüente. O qüinqüênio conquistava mais peso e valor. A lingüiça parecia mais apetitosa e os liqüidos, em geral, mais fluidos e refrescantes.

Contudo, enfático (e contundente) foi mesmo o Acordo Ortográfico: o trema, segundo o texto oficial, “é inteiramente suprimido em palavras portuguesas ou aportuguesadas”.

Não há nem como pedir uma segunda opinião… É oficial, radical e ponto final.

 

A única exceção – sempre tem uma, não? – fica por conta de palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: hübneriano, de Hübner, mülleriano, de Müller etc”.

 

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Outras mudanças: Uma fácil. Outra, difícil, pelo menos pela internet! 

A fácil é a inclusão oficial do k, w e y em nosso alfabeto, que passa a ter 26 letras: a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, k, l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, w, x, y, z.

Mas quem não as considerava assim, incluídas no alfabeto?

E não as usava com tranquilidade em nomes de pessoas e seus derivados (Allan Kardec e kardecismo / Carl Maria von Weber e weberiano / Willian Butler Yeats e yeatsiano etc.).

Em nomes geográficos próprios e seus derivados (Kuwait e kuwaitiano / Washington e washingtoniano / Seychelles e seychellense etc.).

Em siglas, símbolos e palavras adotadas como unidades de medida (www – world wide web /  kcal – quilocaloria / watt – unidade de medida de energia / yd – de yard, jarda – unidade de medida de comprimento inglesa e norte-americana etc.).

Por isso, neste passeio, nenhuma surpresa. 

Já a divisão silábica proposta no Acordo preenche todos os requisitos daqueles que querem ver para crer. Difícil de praticar, em especial nos textos que vão e vêm pela internet. Fica então o lembrete: na partição (final da linha) de palavras compostas ou de formas verbais seguidas de pronome átono, deve-se repetir o hífen no início da linha seguinte (para provar que a palavra é mesmo composta).

Willian resolveu fazer pós-

-graduação no Kwait. 

Já que é na crise que estão as oportunidades, acredita-

-se que haverá mais vagas de trabalho neste ano.

 

Veja também em Nova Ortografia:

Ei, oi, nós não temos mais acento!

Almas gêmeas e as mudanças na ortografia

Sim para o hífen

Não para o hífen

 

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