Ser rejeitado, qualquer que seja a circunstância, é um sentimento doído, que abala a confiança em si mesmo e põe por terra toda a autoestima construída com tanto esforço.
Ao estudar o microcosmo dos elementos atômicos – componentes essenciais do tecido formador da realidade em que vivemos – os cientistas estranharam o comportamento das partículas – os microscópicos “pontos” de matéria que compõem a estrutura do átomo. Ao fazer experiências, observaram que as partículas podem se comportar simultaneamente como ondas.
Buscando detectar quando os elementos atômicos agiam como partículas e quando se comportavam como ondas, os estudiosos foram surpreendidos com a constatação de que só dependia deles obter um ou outro resultado.
Verificaram que a natureza do comportamento dos elementos atômicos se estabelecia pela expectativa expressa do observador. Onde se esperava encontrar partículas, lá estavam elas; onde se esperava encontrar ondas, também lá estavam elas.
Era como se o esperado se refletisse na experiência ou, explicado de outra maneira, não existiriam propriedades objetivas na realidade, independentes da mente do observador. A esse “fenômeno” foi dado o nome de “colapso da função de onda”.
Quem é o observador quando nos sentimos rejeitados? Nós ou o outro?
Será que estamos partindo do ponto de vista do que pensamos sobre nós ou do que supomos que o outro pense sobre nós? Há de fato uma rejeição ou simplesmente um “não estou nem aí”. Isso porque o outro – e somos o outro em muitas situações – tem mais com o que se preocupar, como suas próprias inseguranças e medos.
Assim, será vantajoso dar ao outro – um ser humano tão cheio de incertezas quanto nós – esse tremendo poder? De decidir, avaliar, dar peso e forma ao nosso valor?
Cultivar a rejeição só parece ser vantajoso quando se transforma em justificativa para não olharmos para nós mesmos, em busca do nosso próprio valor.
“Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo?”
em poema de Álvaro de Campos / Fernando Pessoa
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